
SANTO AGOSTINHO (354-430)
A Idade Média (século V à XVI) é conhecida como período de trevas. Mentalidade conservadora. Amava o que era tradicional e seguia o modelo da igreja.
A filosofia é fundamentalmente tingida de teologia. Nessa época Agostinho, conhecido como o último dos antigos e o primeiro dos membros filósofos a refletir sobre o sentido da história e o arquiteto do projeto intelectual da Igreja. Foi o maior de todos os padres da igreja e também o maior filósofo dos quinze séculos que separaram Aristóteles de Tomás de Aquino.
Agostinho que nasceu no norte da África, numa cidade chamada Tangaste em 354 nem sempre foi cristão. Filho de pai pagão, Patrício e de mãe cristã Mônica. A primeira educação de Agostinho foi estritamente humanística, feita de gramática e retórica. A sua atividade caracterizou-se por uma luta constante para preservar a pureza da doutrina católica.
Quando em Milão, foi influenciado por Platão e o neoplatonismo, também estava entre os adeptos do ceticismo. Faleceu em 28 de agosto de 430.
Filosofia de Agostinho:
Contra o ceticismo, que ainda dominava em muitos ambientes, Agostinho demonstrava que o homem conhece com certeza algumas verdades, por exemplo, o principio de não-contradição e a própria existência. Ninguém pode duvidar da própria existência, porque neste caso, a dúvida é uma prova de existência (Dizia ele: “Se me engano, existo”).
Na especulação sobre Deus para estudar tanto a sua natureza como a sua existência, Agostinho parte do homem, ele achava que se pode chegar a Deus mediante os indícios cosmológicos, por exemplo, através da ordem do Universo e da contingência das coisas. Ele encontrava indícios muito sugestivos da realidade divina mais no homem do que no mundo.
Na mente humana estão presentes verdades eternas, absolutas necessárias. A verdade é mais nobre e excelente do que a nossa mente, e se fosse mostrado alguma coisa acima de nossa mente reconheceria que Deus existe, mas se não existe nada mais excelente do que ela, então a própria verdade é Deus.
Deus esclarece Agostinho, criou tudo no mundo desde o começo e deu todas as virtualidades que viram desenvolvendo-se e atuando na história do universo, essas virtualidades impressas por Deus, são chamadas por Agostinho de razão seminais, mais se é assim, se o Criador já fez tudo, haverá alguma coisa reservada à atividade das criaturas? Para Agostinho o desenvolvimento das razões seminais se deve à atividade das criaturas, ele as se desenvolvem e dão origem aos novos corpos quando são despertadas e excitadas pela ação das criaturas.
Se Deus é a causa de tudo o que acontece, como se explica o mal? Agostinho chega a uma noção do mal que põe em condições de afirmar que Deus não é sua causa ele aceita teorias de que o mal é privação, é ausência, falta do bem. A causa do mal não é Deus, sendo o mal a privação de uma perfeição devida, porque Deus fazendo as coisas já lhes dá tudo a que lhes é necessário. Resta então que a causa do mal seja a criatura.
A sua argumentação para provar a espiritualidade da alma é a seguinte: ou alma pode exercer sua atividade (querer, pensar, duvidar, etc.) sem corpo e então é espiritual, ou é incapaz de exercer sua atividade sem o corpo, e então é material. Ora: pelo menos em um caso a alma pode desenvolver sua atividade sem o corpo: quando conhece a si mesma. Logo a alma é espiritual.
A alma, diz Agostinho, acha-se em contínua relação com a verdade. É inegável, com efeito, que a verdade está presente na alma, que tal presença determina uma união sobre mente que a contempla e a verdade que é contemplada e que esta união não pode cessar, porque nada pode separar a alma da verdade.
A construção de Agostinho é importante e segura e em muitos aspectos supera a de Platão e a dos neoplatônicos. Excelente é a sua defesa do valor do conhecimento; profunda a sua indagação sobre o espírito humano, sobre o tempo e a história, perenemente válida a sua solução do problema do mal.
Principais obrras:
- Contra Acadêmicos - De beat vita - De ordina
- Sobre a imortalidade da alma - Os solilóquios - De magistro
- Do livre arbítrio - Sobre a quantidade da alma - Da mentira
- Da trindade - Sobre o mestre - Sobre a música
- A cidade de Deus - Da verdadeira religião - As confissões
Alguns pensamentos:
“O mundo é um livro, e quem fica sentado em casa lê somente uma página.”
“Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos.”
“Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser.”
“Dois homens olharam através das grades da prisão, um viu a alma e outro as estrelas.”
“A verdadeira medida do amor é não ter medida.
São Tomás de Aquino
Tomás de Linhares dos Condes de Aquino nasceu em Roccaseca no ano de 1225 e recebeu a primeira educação nos beneditinos de Motecassinos. Entro para a Universidade de Nápoles e pouco tempo depois para ordem dos Dominicamos. Quando ainda jovem foi influenciado pela filosofia de Aristóteles.
Passou seus últimos anos no convento de Nápoles, adoeceu e pediu para ser levado para o claustro Cisterciense, onde faleceu no ano de 1274.
Tomás utilizando a fonte religiosa por meio da razão foi considerado um pensador de grande influencia da escolástica, enfrentou a questão da relação entre fé e razão, natureza e sobrenatureza, diante mão, quis demonstrar que fé e razão derivam de Deus, portanto não deveriam se opor, pois eram diferentes, mas interligavam-se. A partir desse pensamento, colocou a filosofia a serviço da teologia.
Tomás retorna a concepção metafísica do ser, introduzindo a doutrina religiosa e católica. Introduziu também o conceito de essência e existência, ou seja, é a essência que define o ser ou a existência é o ato do ser.
Deus é o ato do eterno, por isso todos os seres no processo de passagem da essência para a existência de Deus, utilizando-se dos princípios lógicos (formas Aristóteles) ele formula os princípios fundamentais para a teoria do ser.
Princípios fundamentais:
- O ser é tudo que é.
- O mesmo ser não pode ao mesmo tempo ser e não ser.
- Num mesmo lugar e tempo um ser, ou é ou não é, não há uma terceira possibilidade.
- Todo ser existe em si, o mesmo tem sua causa no outro ser.
Cinco Vias:
1. Motor Imóvel.
2. Causa primeira não causada.
3. Contingência.
4. Ser perfeitissimo.
5. Inteligência ordenadora do universo.
Entre infinitos seres criados por Deus, foi o homem que Tomás mais estudou. Esta preferência pelo homem não é somente a motivos teológicos, mas também por motivos filosóficos, de fato, é através do homem, mais do que outra criatura que o ser se torna manifesto a nós. O ser humano é composto de corpo e alma, sendo que está unida ao corpo de modo indissolúvel, de tal forma que a sua separação desfaz o indivíduo. Retoma a Aristóteles para a compreensão de que alma é a forma do corpo, todavia como pura forma é espiritual e sua função é intelectiva, supra orgânica como substancia, a alma é separada do corpo, assim sendo ela é imortal. Uma vez que a alma é a forma criada por Deus, dividida e separada do corpo que é mortal. Segundo o pensamento de Tomás é que o fim da ação humana é a sua perfeição na medida em que todo ser tende a sua perfeição. Essa última se realiza em Deus que é plenitude, o ser aspira a esse fim último, por isso está sempre insatisfeito e em busca da perfeição, ou seja, o fim da ação moral humana transcreve sempre o ser humano em sua experiência de vida.
Em sua teologia, Tomás procura explicações mais racionais e naturais quanto á existência de Deus, mostrando que Deus “É aquilo que supera todos os nossos pensamentos” e que sua Existência só pode ser provada a posteriore, ou seja, pelos seus atos. Tomás reduz todas as provas já existentes em cinco vias que mostram a majestade divina e conceitos mais racionais e favoráveis quanto à existência de Deus.
Quanto à política, sustentou a idéia de Aristóteles de que o estado nasce da natureza humana. Acreditava que o estado seria uma sociedade perfeita por ter um fim próprio e meio para se realizarem. Tomás acreditava também que a igreja podia ser vista como uma sociedade, porém uma sociedade ainda mais perfeita., por mostrar ao homem, a atividade que ele mais precisava, devendo então, o estado subordinar-se à igreja, assim a filosofia à teologia.
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